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1ª Carta ao Investidor (Fevereiro 2020)

  • EnterCapital
  • 3 de fev. de 2020
  • 7 min de leitura

Aos nossos investidores e parceiros,



Constituímos a nossa gestora em maio de 2018. Pegamos tudo praticamente no contrapiso – este era o nosso propósito desde o início: depois de mais de duas décadas no mercado financeiro, queríamos construir algo que de fato representasse a essência daquilo que acreditamos.


Sabíamos que seria um processo mais longo, e que poderia trazer mais custos - inclusive de oportunidade - mas acreditamos que a beleza e a harmonia estão em grande parte no processo, e não somente no resultado final. Aliás, sabemos que a atenção ao processo é que define o resultado final.


Sobre a nossa filosofia


Nossa forma de investir é baseada em três pilares fundamentais: Metodologia, Processo e Disciplina.



Metodologia


​Nosso método é o quantitativo, acreditamos que essa forma de gerir recursos gerará a melhor relação risco/retorno de médio/longo prazo nas décadas que virão.


Com ela, somos capazes de reduzir significativamente a interferência humana no processo decisório, eliminando diversos vieses comportamentais que tanto impactaram negativamente os retornos de investimentos até aqui.


Somos capazes de observar múltiplos ativos em diversas regiões e países de forma sistemática, tanto na geração de sinais quanto na execução e alocação de riscos dentro do portfólio, deste modo a nossa operação torna-se mais eficiente e mais diversificada.



Processo


É aqui que o trabalho de verdade acontece, e ele tem começo, meio e fim:​


· Identificação do conceito/ideia/estratégia a serem estudados

· Seleção das ferramentas matemática/estatística/linguagem computacional a serem utilizadas no processo

· Obtenção e preparação da base de dados adequada aos testes

· Desenvolvimento da ferramenta de backtesting específica e todas as suas funcionalidades

· Validação dos resultados encontrados

· Análise do comportamento da estratégia no portfólio de estratégias existentes

· Análise de impacto de mercado

· Implementação/execução

· Monitoramento de riscos



Disciplina


Aqui fica a encruzilhada que separa o sucesso do fracasso:​


· Disciplina para seguir o processo de criação, por mais longo e custoso que este seja, o mercado remunera trabalho e conhecimento, portanto não há atalhos.


· Disciplina para acreditar na metodologia, porque, como em qualquer outro método de investimentos, haverá momentos de underperfomance e também situações de drawdown. Estes momentos testam a nossa convicção, portanto disciplina e paciência são fundamentais.*

· Disciplina para executar a estratégia, tanto no ganho quanto na perda.


*Este ponto da nossa Filosofia ilustra bem a recomendação que sempre fazemos a todos os investidores do fundo de que o horizonte de investimentos tem que ser ao menos 18 a 24 meses.


Finalmente, nas palavras de Ben Graham, escritas há setenta anos:


Have the courage of your knowledge and experience. If you have formed a conclusion from the facts and if you know your judgement is sound, act on it – even though others may hesitate or differ”.


Tradução livre:

“Tenha a coragem proveniente de seu conhecimento e experiência. Se você chegou a uma conclusão baseada em fatos, e se você sabe que o seu julgamento é robusto, atue neste sentido – ainda que outros hesitem ou divirjam”.



Os três primeiros meses do nosso fundo


Abrimos em 22 de outubro de 2019 nosso fundo ao público-investidor, o EnterCapital Turing FIC FIM.

Uma parte importante do nosso processo é monitorar o fundo de forma sintética, como se ele fosse lançado em diferentes momentos do tempo (análogo a um back test com janelas móveis) e, ao fazê-lo, identificamos que aquele momento de mercado quando do lançamento era desafiador, mas tínhamos que seguir em frente.


Todo o trabalho de desenvolvimento das estratégias, construção de portfolio e monitoramento de risco estava feito. A grande questão era: como implementar as diferentes estratégias naquele momento zero, tendo em vista que muitos sinais (que determinam a entrada em posições) eram antigos, e os ativos já haviam se deslocado significativamente dos preços no momento original em que os sinais ocorreram. Ou seja, havia boa probabilidade de que alguns ativos já estariam em fase avançada ou final do ciclo de deslocamento.


Esta preocupação se deu especialmente no que se referia a posições de Momentum em renda variável e Tendência no mercado de juros. Com isso, decidimos iniciar o Fundo com riscos reduzidos e alocar capital gradativamente ao longo dos primeiros meses. Olhando no retrovisor, esta foi uma decisão acertada. Este tipo de desafio é comum a qualquer novo fundo sistemático; lidar com sinais antigos no momento inicial é sempre complexo. A boa notícia é que passamos por este primeiro teste.



Sobre o comportamento das estratégias


Temos consciência de que para grande parte dos investidores a metodologia quantitativa / sistemática ainda é pouco conhecida e muitos acreditam que os fundos quantitativos são instrumentos de pouca transparência (black box). Portanto, parte do nosso objetivo é tentar desmistificar o tema, e tentar dar o máximo de transparência possível com relação aos tipos de estratégia e à atribuição de performance.


Com esta finalidade, classificamos as nossas estratégias conforme as definições abaixo, e todos os nossos modelos encaixam-se de alguma forma nos conceitos amplos contidos nestas definições.


Futuramente, nossa atribuição de resultados será exposta nas Cartas seguindo esta lógica.





Figura 1 - Performance relativa por estratégia do fundo nos primeiros três meses’

Figura 1 - Performance relativa por estratégia do fundo nos primeiros três meses’



Nos primeiros seis meses, por uma questão regulatória, não podemos expor retornos associados ao fundo. Deste modo, decidimos divulgar a contribuição relativa de cada grupo de estratégias para que o investidor comece a se familiarizar com as definições e com os conceitos.



Tentar explicar resultados de modelos matemáticos e estatísticos ex-post é prática questionável, porém acreditamos que possa ser útil para alguns investidores tornar os possíveis catalisadores da nossa performance mais tangíveis, então vamos lá!



Racionalizando os resultados


Um dos nossos principais drivers nos primeiros três meses foram as estratégias de Price Action Patterns em renda variável. Estas capturaram movimentos de mercado importantes, beneficiando-se da realocação estrutural de portfolios (saída de renda fixa em direção à renda variável) por conta da queda expressiva e estrutural, na nossa opinião, da taxa básica de juros no Brasil.


Estas estratégias também se beneficiaram do movimento de expansão de múltiplos (aumento de preços da ações desproporcional ao crescimento de lucros) que vem acontecendo tanto no mercado local como nos internacionais. As principais beneficiárias desta dinâmica foram ações com características de crescimento e high beta.


Outro fator relevante para a nossa performance no período foi uma exposição, no agregado das estratégias de Trend Following (Momentum e Time Series), vendida no setor de Financials e comprada no de Consumers, também em renda variável, que apresentou excelente desempenho nos últimos meses.


Acreditamos que este desempenho seja resultado de uma mudança estrutural no ambiente econômico doméstico, no qual os valuations de bancos e outras empresas do setor financeiro vêm e devem seguir sendo pressionados por conta de maior competição, queda estrutural nos juros, surgimento de fintechs e regulamentações abrindo o mercado para novos competidores, ou seja, três frentes principais – Tecnologia, Regulamentação e Juros – operando contra as margens tradicionalmente altas do setor. No lado do setor de Consumo, os mercados parecem refletir um cenário de crescimento mais sustentável em ambiente de juros mais baixos, diminuição do desemprego e aumento tanto de poder aquisitivo quanto de confiança da enorme classe média brasileira.


Nos mercados de câmbio e juros, tivemos diferentes dinâmicas no período.


No câmbio, as estratégias de Momentum compensaram o período difícil para estratégias de Trend Following, decorrente da lateralidade do mercado nos últimos meses.


A nossa visão é que faria sentido um movimento de depreciação do real contra o dólar, especialmente por conta da queda do diferencial de juros entre o BRL e o USD. Vale ressaltar que a volatilidade do BRL não caiu proporcionalmente à queda do diferencial de juros, tornando o carry trade ainda menos óbvio. Neste contexto, as intervenções do BC contribuíram para a manutenção da banda quase horizontal em que o BRL negociou nos últimos meses, até o final de janeiro.


Já no mercado de juros, tivemos continuidade de longa tendência de queda, sustentada por uma dinâmica benigna de inflação por conta, entre outros fatores, da taxa de ociosidade da economia (alta taxa de desemprego e hiato do produto). A captura desta tendência, de diferentes maneiras, contribuiu com resultados relevantes para o Fundo.


Este movimento da taxa de juros parece ser estrutural, por conta de avanços institucionais tais como a TLP, o teto dos gastos, a Reforma da Previdência e a um posicionamento mais assertivo por parte do Executivo a favor da redução do tamanho do Estado de modo geral, incluindo privatizaçôes. A

perspectiva da situaçâo fiscal brasileira é incomparavelmente melhor do que no período pré-reformas que se iniciou no governo Temer e se consolidou no governo Bolsonaro.


É interessante como os modelos podem capturar movimentos importantes que depois de alguns meses viram temas de mercado...faz pensar.



Novos desenvolvimentos; um breve update


Enxergamos nosso conjunto de estratégias como um organismo vivo, em constante evolução e que necessita de oxigênio, o que resulta na incessante busca de novas ideias, novas tecnologias que eventualmente se converterão em desenvolvimentos práticos (construção de infraestrutura de banco de dados, ferramentas de análise matemática e estatística, automação de execução com minimização de impacto de mercado, construção de portfolio, monitoramento de risco).


Abaixo, as principais implementações deste trimestre:


· Nova estratégia de Relative Value Fundamentalista, market neutral, focada em empresas com características de crescimento e alavancagem e com filtros de volatilidade


· Nova estratégia na classe Condition Variable, também market neutral no mercado de ações, porém com um período de maturação mais curto e alimentada por dados de preço no tempo


· Aprimoramento em uma das estratégias de Trend Following no mercado de juros, que deve melhorar a consistência e o desempenho da estratégia


· Novo módulo no nosso sistema operacional que nos permite visualizar os resultados do fundo por estratégia real time e de forma remota


Queremos destacar ainda que, neste trimestre, após um longo período de trabalho em uma estratégia que buscava explorar similaridades de tendências em diferentes escalas de tempos (fractalidade), decidimos não ir adiante. Apesar de meses de esforços dedicados e muitos avanços neste tema, a estratégia não passou pelo nosso processo de validação de resultados.


Independentemente de eventual frustração dados tempo e energia dedicados ao desenvolvimento de novas estratégias, consideramos fundamental manter a disciplina e não nos desviar do rigor que a nossa metodologia impõe.


Sabemos que estamos somente no começo, muitas novas estratégias serão desenvolvidas, outras descartadas e outras, ainda, aprimoradas ao longo deste caminho.


Esta é para nós a beleza da nossa filosofia de investimentos, e queremos agradecer a você, investidor e parceiro, que decidiu nos acompanhar nesta jornada.




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